quarta-feira, março 29, 2006




Casanova um filme com tudo para dar certo e dá tudo irrealistamente errado. Um sedutor tem tudo para ser feliz, sabe seduzir, gosta de parecer e aparecer no âmago feminino, sem penetrar verdadeiramente esse mundo. Paira sobre o saber supérfluo. Aparentemente o sonho de qualquer ser masculino. Acontece que esta busca incessante não satisfaz um ser lúcido emocionalmente. No fundo vive sozinho sem solidão aparente. Busca um torso que o suporte, que dê balanço às suas pernas, que o faça sentir completo… Quererá alguém só ter pernas?

terça-feira, março 21, 2006

Arquitectura da vida a dois


E o que faz a felicidade de duas pessoas? A união pela vontade verdadeira do prazer de construir uma relação a dois.
A paixão é o arquitecto da relação, planeia, dá os primeiros passos na concepção, o amor é o músculo que ergue a estrutura e a amizade a parte decorativa, essencial à beleza de qualquer relação. Necessitamos dos três para edificar uma vida feliz a dois. Individualmente nenhum consegue finalizar a sua missão…

terça-feira, março 14, 2006


Afinal o que mantém duas pessoas juntas quando isso já não as faz feliz? Resposta: -O MEDO! Sim o medo do desconhecido! Quem nunca sentiu medo de um desconhecido na rua, de um lugar estranho, de usar uma roupa diferente!? Isto tudo são exemplos bem reais do dia-a-dia de qualquer um.
Lógica: duas pessoas mantém-se juntas com medo de mudar, com medo do desconhecido, de terem de passar pela solidão… A solidão do hábito parece melhor amante que a desconhecida. Estar só, mas com alguém, é aparentemente mais fácil que estar apenas só. Pois desengane-se quem assim pensa, nesta situação morre-se aos poucos, até que no limite falece-se de desilusão com a vida, questionando tudo tarde demais. Achando que o que passou é que deveria ter sido!
Quando mais vale tarde que nunca, melhor é, mais cedo que tarde. Alguns minutos sentada num jardim e tudo isto me pareceu óbvio? Claro que para chegar a estes pensamentos primários é necessário questionar o que nos rodeia. Estar em constante observação do estado de espírito, parar e pensar é demasiado importante para que alguém decida simplesmente que é um desperdício de tempo. Desperdício de tempo é no fim da nossa breve existência questionar coisas que já estão cimentadas com recordações tristes…

domingo, março 12, 2006

Manhã com amanhã...


Numa manhã solarenga de domingo, com uma boa companhia guarnecida com um bom pequeno-almoço, num local charmoso… Um instante apelativo a todos os meus sentidos...
Excepto por breves momentos em que me dei conta do que me rodeava. De repente decidi ser espectadora de circunstâncias alheias ao meu momento perfeito.
Eram dois, um casal jovem, não mais de trinta anos. Dei por mim a seguir o olhar de cada um. Iam em duas direcções distintas; o do jovem para a mesa procurando interesses alheios à sua companhia, e o da jovem na direcção oposta, a uma qualquer parede despida e fria. Os dois uniam forças para evitar o olhar directo e o cruzar de olhares ou palavras.
Por instantes fiquei a questionar-me sobre aquele instante, que seria aquilo que observei? Rapidamente a minha companhia me chamou ao meu momento e perfeito, e deixei aquele momento solitário a sós…

Aprender com a poesia



When You are Old

When you are old and grey and full of sleep,
And nodding by the fire, take down this book,
And slowly read, and dream of the soft look
Your eyes had once, and of their shadows deep;
How many loved your moments of glad grace,
And loved your beauty with love false or true,
But one man loved the pilgrim soul in you,
And loved the sorrows of your changing face;
And bending down beside the glowing bars,
Murmur, a little sadly, how Love fled
And paced upon the mountains overhead
And hid his face amid a crowd of stars.

W. B. Yeats

Quem morre?

Morre lentamente quem se transforma em escravo do hábito, repetindo todos os dias os mesmos trajectos, quem não muda de marca!
Morre quem não se arrisca a vestir uma nova cor ou não conversa com quem não conhece.
Morre lentamente quem faz da televisão o seu guru.
Morre lentamente quem evita uma paixão, quem prefere o negro sobre o branco e os pontos sobre os "is" em detrimento de um redemoinho de emoções, justamente as que resgatam o brilho dos olhos, sorrisos dos bocejos, corações aos tropeços e sentimentos.
Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz com o seu trabalho, quem não arrisca o certo pelo incerto para ir atrás de um sonho, quem não se permite pelo menos uma vez na vida, fugir dos conselhos sensatos.
Morre lentamente quem não viaja, quem não lê, quem não ouve música, quem não encontra graça em si mesmo.
Morre lentamente quem destrói o seu amor-próprio, quem não se deixa ajudar.
Morre lentamente, quem passa os dias queixando-se da sua má sorte ou da chuva incessante. Morre lentamente, quem abandona um projecto antes de iniciá-lo, não pergunta sobre um assunto que desconhece ou não responde quando lhe indagam sobre algo que sabe.
Evitemos a morte em doses suaves, recordando sempre que estar vivo exige um esforço muito maior que o simples facto de respirar.
Somente a perseverança fará com que conquistemos um estágio esplêndido de felicidade.

Pablo Neruda

terça-feira, março 07, 2006

"Casamento a dois..."

Um casamento a dois… Podem questionar-se com a expressão, “casamento a dois” ????!!! Explicando, quantas vezes não deu consigo a observar casais num comum café a olharem um para o norte e outro para o sul??? Não lhe dá um certo sentimento de pena, ou mesmo de tristeza? Se ainda não reparou nisso, é porque se calhar, ou pertence a este grupo ou é uma pessoa extremamente distraída. Pois eu acho que uma parte da culpa está no síndroma das histórias infantis “e viveram felizes para sempre…”. Como se o apaixonar-se seguido do “juntar dos trapinhos” fosse suficiente para ter um casamento feliz! Já não falo dos homens, mas esbarro com mulheres que ainda acreditam neste estúpido síndroma… São giras e bem arranjadas e muitíssimo interessantes, sei lá tudo o que se pode achar de interessante num ser humano atraente… Casam-se, dou-lhes dois anos no máximo, para estarem de fato de treino num sofá a lamuriarem-se porque o seu tão outrora amado companheiro, não baixa a tampa da sanita.
É incrível que exista alguém onde o dia do casamento, não é o único acontecimento importante na vida de um casal, mas que dêem importância à vida depois do casamento.
Aqui falo do “casamento”, mas claro que também me refiro aos casais que decidem simplesmente viver juntos; isto é obviamente um casamento! Aproveitem os pequenos prazeres da vida a dois sem preconceitos, e acreditem! acreditar faz com que a realidade se torne em fantasia...